A visão geral: A erisipela é uma doença infecciosa que afeta a pele.
Por que importa? A erisipela afeta milhares de pessoas ao ano e é de tratamento relativamente fácil.
Por que devemos nos preocupar? Muitas vezes o diagnóstico da erisipela pode ser confundido com outras condições e levar a um tratamento inadequado.
Saiba mais:
O que é a Erisipela?
A erisipela é uma infecção de pele, pelo acometimento de vasos linfáticos que ali se encontram, com intenso comprometimento cutâneo e que surge, na maioria das vezes, a partir da entrada de bactérias por alguma lesão da prévia da pele.
É uma condição relativamente frequente e pode acometer aproximadamente 200 em cada 100.000 habitantes ao ano.
Erisipela, erisipele ou zipela?
Admito, é um nome esquisito e muitas pessoas têm dificuldade de entender e pronunciar corretamente. Mas o termo correto é ERISIPELA. MAs outros nomes são populares no Brasil: zipra, ezipra e fogo de Santo Antônio.
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Quais são os sintomas da erisipela?
A erisipela, por ser um processo infeccioso apresenta sintomas e sinais bem característicos. Apesar da manifestação visual de vermelhidão, calor e dor no local afetado, classicamente a erisipela tem como sintomas iniciais um intenso mal-estar, febre, frequentemente associado a calafrios e prostração. O paciente sente-se muito mal, mesmo antes de apresentar qualquer manifestação de pele na área crítica da infecção.
Erisipela
Esses sintomas gerais surgem entre algumas horas ou um dia antes de começar a aparecer a vermelhidão, calor e dor na pele. Muitas vezes, pelo intenso mal-estar, o paciente procura assistência médica e o diagnóstico pode nem mesmo ser desconfiado, já que outras infecções tão comuns como urinárias ou mesmo respiratórias dão sintomas muito parecidos.
Uma vez a lesão na pele aparece, o diagnóstico fica mais fácil. Além da grande placa avermelhada e dolorosa, é possível observar um “cordão” avermelhado (que chamamos de linfangite) acima do ponto afetado, assim como a presença de “ínguas” (gânglios linfáticos aumentados em volume) na região próxima à infecção.
Linfangite – Observe o cordão avermelhado na face interna da coxa
Em casos mais graves, as placas avermelhadas podem evoluir com a formação de bolhas e, nesses casos podem até terminar com a formação de feridas, tornando o quadro mais agressivo e exigindo tratamento mais prolongado.
A erisipela pode formar ferida?
Pode sim. Nos casos em que a infecção evolui para erisipela bolhosa, feridas até extensas podem surgir. Algumas dessas bolhas podem sofrer contaminação adicional e ulcerar.
Quais os locais acometidos pela erisipela?
A erisipela acomete mais frequentemente a pele da perna, mas pode também afetar a pele da face, dos braços e até mesmo a pele do períneo, abdome ou tórax.
A perna é definitivamente o local mais afetado pela erisipela e veremos o motivo disso no próximo tópico.
Rotineiramente a infecção afeta um único membro ou um lado da face ou do corpo.
Qual a causa da erisipela?
A erisipela tem a bactéria estreptococo o principal agente causador. Mas outras bactérias, como o estafilococo podem, mais raramente, ser o microrganismo responsável pela infecção. Essas bactérias, em condições de saúde normal estão presentes na superfície da nossa pele e não são agressivas. Mas algumas pessoas podem, em condições de baixa imunidade, sofrerem a invasão dessas bactérias a partir de uma pequena ou grande lesão na pele.
Em grande parte dos casos de erisipela, a “porta de entrada”, ou seja, a lesão que facilita a entrada da bactéria nas camadas mais profundas da pele costuma ser uma micose, também conhecida como frieira.
Frieira – Micose entre os dedos dos pés – Fluxo Clínica de Cirurgia Vascular
A bactéria entra pela lesão na pele causada pelo fungo e invade o sistema linfático da pele. Dentro do sistema linfático inicia-se uma “batalha” entre as bactérias e as células de defesa contidas na linfa.
Outras vezes a erisipela pode ser causada pela coçadura de uma área que sofreu uma picada de inseto, um arranhão ou até mesmo por uma foliculite (infecção que acomete a raiz dos pelos).
Quando a batalha entre os estreptococos e as células de defesa é vencida pelas bactérias, o processo infeccioso se espalha e torna-se estabelecido.
É nesse período de invasão inicial das bactérias no sistema linfático que o paciente apresenta os sintomas gerais de mal-estar, febre, calafrios e prostração.
Portanto, para haver uma erisipela temos que ter:
Uma lesão na pele que quebra a sua integridade
Uma bactéria invasora
Sinais e sintomas gerais e específicos
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Há condições que facilitem o aparecimento da erisipela?
Há diversos fatores associados ao maior risco de erisipela:
O primeiro e mais importante deles é já ter tido uma erisipela. Quem já teve uma erisipela está sob maior risco de ter outra. A cada episódio (ou crise) de erisipela, fica uma sequela linfática que pode facilitar nova infecção.
Linfedema em membro inferior esquerdo
Linfedema é um fator de risco bem significativo. Lembra-se que escrevi acima que as bactérias invadem o sistema linfático? Se o sistema linfático estiver prejudicado pelo linfedema, aumenta o risco de a erisipela ser instalada.
Sexo masculino. Homens tem mais risco que as mulheres para desenvolver essa infecção de pele.
Baixa imunidade. Condições agudas ou crônicas que levam a um prejuízo da imunidade podem facilitar a instalação do quadro.
Verão: As crises de erisipela são, em geral, mais frequentes no verão. Provavelmente isso se deve ao maior risco de micoses nesse período do ano.
Sim! A erisipela pode ser confundida pelas pessoas leigas e até mesmo por profissionais da área de saúde com outras condições de saúde e isso pode implicar em uma demora no início do tratamento específico ou mesmo resultar no tratamento errado.
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Qual o tratamento para a erisipela?
As medidas terapêuticas são gerais e específicas. Do ponto de vista geral é importante que se trate os sintomas com medicações para febre, dor, hidratação adequada, cuidados no local afetado e repouso.
Erisipela
Quanto à infecção propriamente, ela deve ser tratada com antibióticos. De modo geral é uma infecção cujo tratamento pode ser feito com medicações administradas por via oral ou injetável.
Corriqueiramente o tratamento é ambulatorial, ou seja, sem necessidade de internação. A internação hospitalar é recomendada nos casos mais graves, nos casos sem resposta clínica ao tratamento ambulatorial e nos casos nos quais o uso de medicação endovenosa ou necessidade de procedimentos cirúrgicos de limpeza da lesão são necessários.
A Erisipela é contagiosa?
A erisipela é uma infecção bacteriana da pele, mas não é considerada uma doença contagiosa em condições habituais
É possível prevenir a erisipela?
Sim é possível. Considerando que o maior risco de ter uma erisipela é já ter tido uma, recomendamos aos pacientes previamente acometidos algumas estratégias para tentar evitar o aparecimento de crises, ou pelo menos espaçá-las:
Cuidado intenso com a pele. Hidratação, prevenção e tratamento precoce de lesões da pele.
Atenção às frieiras ou qualquer micose nos pés e mão. Procure seu médico para tratá-las tão logo surjam. Não vale qualquer creminho. Os fungos têm se tornado muito resistentes e tratamentos específicos têm sido recomendados, principalmente para aquelas pessoas que têm micoses crônicas.
Cuidados para evitar picadas de insetos, coçaduras ou foliculites.
Medidas para melhorar imunidade. Procure seu médico para orientar nesse sentido.
Portadores de linfedema precisam tratar sua condição.
Medidas medicamentosas específicas orientadas por seu médico.
Caso apresente sinais e sintomas sugestivos de que algo não está bem, procure um médico. Pacientes que já tiveram uma ou mais crises de erisipela desenvolvem uma sensibilidade particular que os fazem identificar os sintomas antes mesmo dos sinais de vermelhidão, dor e inchaço apareçam. Esse é o melhor momento para tratar
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Qual médico procurar se tiver erisipela?
Na fase aguda, qualquer médico deveria estar apto a identificar, diagnosticar e dar início ao tratamento da erisipela. Portanto, o primeiro médico a procurar é o do Pronto Socorro, UPA, seu médico de família ou médico particular.
Feito o tratamento inicial, você deverá procurar algumas das seguintes especialidades para dar continuidade ao tratamento: Angiologia, Cirurgia Vascular, Dermatologia, Infectologia ou mesmo Clínico Geral.
Tradicionalmente, no Brasil, os Angiologistas e Cirurgiões Vasculares são os especialistas mais afeitos ao tratamento e prevenção das crises de erisipela, até porque sendo uma infecção que ataca os vasos linfáticos da pele, esses especialistas são os que tratam as doenças linfáticas.
Espero que esse artigo tenha podido ajudar-lhe no conhecimento da erisipela.
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