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Erisipela: Tire Suas Dúvidas Sobre Essa Infecção de Pele

A erisipela, popularmente conhecida como “fogo de Santo Antônio”, é uma infecção de pele que pode causar preocupação devido à sua aparência e sintomas. Na Clínica Fluxo, entendemos a importância de informações claras e confiáveis sobre condições vasculares e dermatológicas. Por isso, preparamos este “Perguntas e Respostas” para responder às perguntas mais comuns sobre a erisipela.

O que é exatamente a erisipela?

A erisipela é uma infecção aguda, causada por bactérias, que atinge as camadas mais superficiais da pele (derme) e os vasos linfáticos próximos à pele. Ela se caracteriza por uma área vermelha, inchada, quente e dolorosa, com bordas bem definidas e elevadas, que se espalha rapidamente. O nome antigo “fogo de Santo Antônio” vem justamente dessa vermelhidão intensa.

O que causa a erisipela?

A principal causa é uma bactéria chamada Streptococcus pyogenes (um tipo de estreptococo). Essa bactéria geralmente entra no corpo através de pequenas aberturas na pele, que podem ser devido à:

  • Fissuras causadas por micoses (como pé de atleta ou frieira).
  • Cortes, arranhões ou picadas de inseto.
  • Úlceras de pele (como as úlceras venosas).
  • Pele ressecada ou com eczema.
  • Incisões cirúrgicas.

Embora menos comum, outras bactérias também podem causar erisipela em certas situações.

Quem tem mais risco de desenvolver erisipela?

Algumas condições e fatores aumentam a chance de ter erisipela:

  • Idade: É mais comum em bebês e adultos acima de 60 anos.
  • Problemas de Circulação: Insuficiência venosa (“má circulação” nas veias) e linfedema (inchaço por problemas no sistema linfático) são fatores importantes, especialmente nas pernas.
  • “Portas de Entrada”: Qualquer condição que cause quebras na barreira da pele, como micoses (frieiras), úlceras, feridas, eczema, picadas.
  • Sistema Imunológico Enfraquecido: Condições como diabetes não controlado, obesidade, alcoolismo, HIV, câncer ou o uso de medicamentos imunossupressores.
  • Histórico Prévio: Ter tido erisipela antes aumenta o risco de novos episódios.
  • Obesidade: O excesso de peso é um fator de risco.

Quais são os sintomas da erisipela?

Os sintomas geralmente começam de forma súbita:

  • Sintomas Gerais (podem surgir antes da lesão): Febre, calafrios, mal-estar geral, dor de cabeça.
  • Outros Sintomas Locais: Sensibilidade ao toque na área afetada, coceira.
  • Lesão na Pele: Uma mancha (placa) vermelha brilhante, quente, inchada e dolorosa, com bordas bem delimitadas e elevadas, que cresce rapidamente.
  • Casos Mais Graves: Podem surgir bolhas (erisipela bolhosa), manchas roxas (equimoses) ou até escurecimento da pele (necrose).
  • Gânglios Inchados: É comum o inchaço doloroso dos linfonodos (gânglios) próximos à área infectada.

As áreas mais afetadas são as pernas e o rosto. No rosto, pode causar inchaço significativo, às vezes fechando os olhos, e ter uma aparência “em borboleta” (pegando bochechas e nariz).

Erisipela e celulite são a mesma coisa?

Não exatamente, embora sejam infecções de pele parecidas e às vezes os termos sejam usados de forma intercambiável. A principal diferença é que a erisipela atinge as camadas mais superficiais da pele e os vasos linfáticos, tendo bordas bem nítidas e elevadas. A celulite geralmente afeta camadas um pouco mais profundas e suas bordas são menos definidas. Ambas precisam de tratamento médico.

Como a erisipela é diagnosticada?

O diagnóstico é feito principalmente pelo médico através da avaliação clínica, ou seja, observando a aparência característica da lesão na pele e os sintomas relatados pelo paciente. Exames de sangue podem ser pedidos para avaliar a infecção, mas geralmente não são necessários para confirmar o diagnóstico inicial. É importante diferenciar a erisipela de outras condições com sintomas semelhantes.

Como é feito o tratamento?

O tratamento principal é com antibióticos para combater a bactéria.

  • Antibiótico de Escolha: Geralmente, a penicilina ou seus derivados (como amoxicilina) são muito eficazes contra o Streptococcus. Podem ser administrados por via oral em casa (casos leves) ou por via intravenosa no hospital (casos mais graves).
  • Alternativas: Para pacientes alérgicos à penicilina, existem outras opções de antibióticos (como clindamicina ou macrolídeos).
  • Medidas de Suporte: São fundamentais para o alívio e recuperação:
    • Repouso: Descansar com o membro afetado elevado ajuda a reduzir o inchaço e a dor.
    • Compressas Frias: Podem aliviar o desconforto local.
    • Analgesia: Medicamentos como paracetamol ou dipirona podem ser usados para dor e febre.
    • Hidratação: Manter a pele bem hidratada.
    • Cuidados com Feridas: Se houver bolhas ou feridas, curativos adequados podem ser necessários.
    • Terapia de Compressão: Em alguns casos, especialmente se houver inchaço crônico (linfedema) ou insuficiência venosa, o uso de meias de compressão ou faixas pode ser indicado após a fase aguda.

Preciso ser internado para tratar a erisipela?

Depende da gravidade. Casos leves a moderados, sem sinais de complicações e em pacientes sem outras doenças graves, geralmente podem ser tratados em casa com antibióticos orais e repouso. A internação é necessária em casos de:

  • Infecção extensa ou que progride rapidamente.
  • Febre alta e sinais de infecção sistêmica (sepse).
  • Erisipela no rosto (pela proximidade com estruturas importantes).
  • Pacientes com sistema imunológico muito debilitado.
  • Quando o tratamento oral não está sendo eficaz.
  • Presença de complicações como necrose (morte do tecido).

Quanto tempo dura o tratamento?

O tratamento com antibióticos geralmente dura de 5 a 14 dias. Casos leves podem responder em 5-7 dias, mas a duração exata será definida pelo médico, dependendo da resposta do paciente e da gravidade da infecção. Em pessoas com linfedema, o tratamento pode precisar ser mais longo.

A erisipela pode voltar?

Sim, infelizmente, as recorrências são relativamente comuns, especialmente em pessoas com fatores de risco persistentes (como linfedema, insuficiência venosa, micose não tratada). Por isso, a prevenção é muito importante.

Quais são as possíveis complicações?

Embora a maioria dos casos responda bem ao tratamento, podem ocorrer complicações:

Sistêmicas (mais raras, porém graves): Sepse (infecção generalizada), infecção em outros órgãos (rins, coração), bacteremia (bactérias no sangue).

Locais: Abscessos (coleções de pus), necrose da pele, tromboflebite (inflamação de uma veia com coágulo), piora ou desenvolvimento de linfedema crônico (inchaço persistente).

Como posso prevenir a erisipela?

A prevenção foca em controlar os fatores de risco e cuidar da pele:

  • Tratar “Portas de Entrada”: Manter micoses (frieiras) tratadas, cuidar bem de feridas e úlceras.
  • Cuidados com a Pele: Manter a pele limpa, seca e bem hidratada. Evitar lesões, cortes e arranhões. Usar repelente para evitar picadas de inseto.
  • Controlar Doenças Crônicas: Manter o diabetes bem controlado, tratar a insuficiência venosa e o linfedema (com elevação das pernas, meias de compressão, fisioterapia, conforme orientação médica).
  • Controle de Peso: Manter um peso saudável.
  • Higiene dos Pés: Especialmente importante para diabéticos e pessoas com problemas circulatórios.
  • Antibiótico Profilático: Em casos de episódios muito frequentes (ex: 2 ou mais no último ano), o médico pode considerar o uso contínuo de antibióticos em baixa dose para prevenir novas crises, mas essa decisão é individualizada.

Quando devo procurar um médico?

Procure atendimento médico imediatamente se você suspeitar de erisipela, especialmente se notar o aparecimento súbito de uma mancha vermelha, quente, inchada e dolorosa na pele, com ou sem febre e calafrios. O diagnóstico e tratamento precoces são essenciais para uma recuperação rápida e para evitar complicações.

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