Quem teve trombose venosa profunda ou embolia pulmonar pode usar anticoncepcional hormonal?
O anticoncepcional hormonal oral é um método de contracepção muito popular pela comodidade, boa tolerância e baixos níveis de complicações. A maioria dos contraceptivos orais modernos contém dois tipos de hormônios femininos, o estrogênio e a progesterona (progestágeno). Além do efeito de contracepção, são usados para regular ciclos e diminuem o volume do fluxo menstrual. A combinação desses dois hormônios aumenta a chance de tromboembolismo venoso (trombose venosa e/ou embolia pulmonar) em 2 a 6 vezes. Esse risco ocorre em todas as formas de apresentação do anticoncepcional (oral, adesivos e anéis vaginais).
O estrogênio é o hormônio implicado como desencadeador de eventos trombóticos venosos, mas o progestágeno também tem sua culpa em algumas situações. A rigor, o uso de anticoncepcional hormonal é contraindicado para mulheres acometidas por tromboembolismo venoso. No entanto, há possibilidade do uso de métodos contraceptivos hormonais orais que contenham somente progestágeno e que não seja injetável.
[button link=”https://fluxo.com.br/6-duvidas-frequentes-anticoncepcional-e-trombose/” type=”big” color=”orange”] 6 dúvidas frequentes sobre anticoncepcional e trombose[/button]
Anticoncepcionais com progestágenos e risco de trombose
O uso de anticoncepcional hormonal que contenha somente progestágeno é seguro na forma de pílulas, implantes subcutâneos e o Dispositivo Intrauterino (DIU) de levonorgestrel (um progestágeno). Por outro lado, o anticoncepcional injetável à base de progesterona aumenta o risco de tromboembolismo venoso em 2 a 4 vezes.
Se uma paciente está em uso de anticoagulantes orais (para tratamento ou prevenção de trombose) é possível usar os anticoncepcionais hormonais combinados. O uso do anticoagulante protege quanto à trombose por diminuir a coagulabilidade do sangue. Isso tem que ser bem discutido entre a paciente, o ginecologista e o cirurgião vascular. Serão avaliados o histórico pessoal e familiar da paciente e a intenção do uso da medicação hormonal quanto aos benefícios e riscos dentro do contexto clínico.
Na tabela abaixo há um sumário dos métodos anticoncepcionais, risco de tromboembolismo e efetividade na contracepção:
Método | Risco de TEV sem anticoagulação | Risco de TEV em uso de anticoagulante | Efetividade |
Anticoncepcional combinado (estrogênio + progestágeno) | |||
Pílulas | aumenta o risco | não aumenta o risco | 91% |
Adesivos cutâneos | aumenta o risco | não aumenta o risco | 91% |
Anéis vaginais | aumenta o risco | não aumenta o risco | 91% |
Anticoncepional somente com progestágeno | |||
Pílulas | não aumenta o risco | não aumenta o risco | 91% |
DIU de levonorgestrel | não aumenta o risco | não aumenta o risco | 99% |
Implante subcut6aneo | não aumenta o risco | não aumenta o risco | 99% |
Injetável | aumenta o risco | não aumenta o risco | 94% |
Conclusão sobre o uso de anticoncepcional hormaonal e trombose
O fato de ter tido trombose venosa profunda ou mesmo de estar tratando uma trombose venosa, não necessariamente impede o uso de uma método anticoncepcional, até mesmo hormonal. Converse com seu médico e caso ainda tenha alguma dúvida, você pode nos procurar em nossa Clínica Fluxo.
Fontes de dados e referências contidas nesse artigo:
- Pregnancy, contraception and venous thromboembolism (deep vein thrombosis and pulmonary embolism). Vascular Medicine 2017, Vol. 22(2) 166–169
- Progestin-only contraception and thromboembolism: A systematic review. Contraception. 2016; 94: 678–700.