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A Síndrome das Pernas Inquietas (SPI) é uma condição neurológica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Caracterizada por uma sensação desconfortável nas pernas, geralmente durante o repouso, a SPI pode causar uma vontade irresistível de movimentar as pernas para aliviar a sensação. A síndrome também pode afetar a qualidade do sono e a sensação de bem-estar.

No consultório vascular é muito comum recebermos pacientes que nos procuram com queixas de incômodos, repuxamentos, inquietude das pernas. Pelo fato dos sintomas estarem relacionados aos membros inferiores é comum que procurem o médico que trata das pernas, o cirurgião vascular, pensando que os sintomas possam estar relacionados à circulação.

Infelizmente ainda é uma condição subdiagnosticada e frequentemente o paciente procura diversos médicos especialistas antes de obter um diagnóstico correto e tratamento adequado.

Frequência da Síndrome das Pernas Inquietas

A prevalência da SPI varia de acordo com a população estudada, mas estima-se que afete entre 2% e 15% da população em geral. É mais comum em mulheres e tende a se manifestar principalmente em adultos de meia-idade ou mais velhos.

A história familiar, em que outras pessoas apresentem a condição, é frequente. Aproximadamente 40%-60% dos pacientes tem esse histórico de acometimento familiar da Síndrome das Pernas Inquietas. Ainda assim não foi possível definir quais componentes genéticos podem estar envolvidos.

Nos pacientes sem história familiar, a Síndrome das Pernas Inquietas é classificada como primária (sem causa conhecida) ou secundária (se existirem condições clínicas que estejam associadas à síndrome. A SPI secundária pode ocorrer por distúrbios da transmissão neuronal que pode ocorrer no diabetes, nas neuropatias periféricas, doença de Parkinson ou ainda por alterações no metabolismo do ferro que podem ocorrer na gravidez, deficiência de ferro e na insuficiência renal, por exemplo.

Os sintomas da Síndrome das Pernas Inquietas e como fazer o diagnóstico

Os sintomas da SPI podem variar de pessoa para pessoa, mas geralmente envolvem uma sensação desconfortável nas pernas, como formigamento, coceira, queimação ou uma sensação de “rastejamento”. Esses sintomas geralmente ocorrem durante o repouso, como ao deitar ou sentar por longos períodos de tempo.

Os sintomas da SPI podem ser aliviados temporariamente com movimentos das pernas ou caminhadas, mas tendem a retornar quando a pessoa volta a ficar em repouso e são mais incômodos durante a noite.

O diagnóstico da SPI é clínico e baseado nos critérios estabelecidos pela International Restless Legs Syndrome Study Group. Esses critérios incluem:

  • Vontade de mexer as pernas, muitas vezes por causa de sensações ruins nas pernas.
  • Essa vontade e sensações ruins começam ou pioram quando a pessoa está deitada ou sentada.
  • Mexer as pernas ou andar um pouco alivia essas sensações, pelo menos por um tempo.
  • A vontade de mexer as pernas e as sensações ruins só acontecem quando a pessoa está descansando, principalmente à noite.
  • Os sintomas não são explicados por outras doenças ou condições como câimbras, inchaço nas pernas, artrite ou ansiedade.

Há basicamente dois tipos de manifestação da condição:

  1. SPI Crônica Persistente: Os sintomas quando não tratados ocorreriam em média pelo menos duas vezes por semana durante o último ano.
  2. SPI Intermitente: os sintomas quando não tratados ocorreriam em média menos que 2 vezes na semana durante o último ano, com pelo menos 5 eventos ao longo da vida.

É importante destacar que o correto diagnóstico da SPI só pode ser feito por um profissional médico qualificado. Os sintomas da SPI podem ser semelhantes aos de outras condições médicas, como neuropatia periférica, doença arterial periférica ou até mesmo problemas musculares. Portanto, é essencial procurar ajuda médica se você estiver enfrentando os sintomas mencionados.

Outras condições que parecem com a Síndrome das Pernas Inquietas

É importante diferenciar a SPI de outras condições que podem apresentar sintomas semelhantes. Algumas das condições que devem ser consideradas no diagnóstico diferencial incluem:

  • Fibromialgia
  • Neuropatia periférica
  • Síndrome da dor miofascial
  • Doença de Parkinson

Um médico especialista pode realizar uma avaliação cuidadosa dos sintomas, histórico médico e exames complementares, se necessário, para chegar a um diagnóstico preciso.

Qual a causa da Síndrome das Pernas Inquietas?

Embora sua causa exata ainda não seja completamente compreendida, existem algumas possíveis causas e fatores de risco associados a essa condição:

  • Diminuição da produção da dopamina: a dopamina é um neurotransmissor (uma substância que faz  com que dneurônios se comuniquem) que é responsável pela regulação dos movimentos do corpo. Alterações nesse sistema podem levar a sintomas como sensações desconfortáveis nas pernas e o desejo incontrolável de movimentá-las.
  • Genética: estudos sugerem que a SPI pode ter uma base genética. Pessoas com histórico familiar da síndrome têm maior probabilidade de desenvolvê-la. Isso indica a presença de fatores genéticos através de uma herança provavelmente autossômica dominante, de penetrância variável.
  • Deficiência de ferro: um achado importante em pacientes com SPI é a redução dos níveis de ferritina e aumento de transferrina no Líquido Cefalorraquidiano (o líquido que envolve o sistema nervoso).
  • Doenças associadas: certos problemas de saúde, como insuficiência renal crônica e diabetes. A gravidez também pode desencadear ou piorar os sintomas da SPI em algumas mulheres.
  • Medicamentos: certos medicamentos podem desencadear ou agravar os sintomas da síndrome. Antidepressivos, anti-histamínicos e alguns medicamentos usados para tratar enjoo podem afetar o sistema dopaminérgico e contribuir para o surgimento dos sintomas.

É importante ressaltar que cada pessoa pode ter diferentes causas e fatores de risco para desenvolver a Síndrome das Pernas Inquietas. Portanto, é fundamental consultar um médico especialista para obter um diagnóstico e que esse profissional proponha um plano de tratamento adequado.

Opções de tratamento para a Síndrome das Pernas Inquietas

Não há cura para a SPI, mas existem opções de tratamento que podem ajudar a aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Alguns dos tratamentos comumente utilizados incluem:

  • Medidas de estilo de vida: como evitar o consumo de cafeína e álcool, manter uma rotina regular de sono e praticar exercícios físicos regularmente. Essas medidas realmente ajudam muito, principalmente a higiene do sono e os exercícios físicos.
  • Reposição de ferro: se exames de sangue demonstrarem anomalias no metabolismo do ferro no organismo, a reposição de ferro pode ser usada.
  • Medicamentos dopaminérgicos: podem ajudar a reduzir os sintomas.
  • Medicamentos análogos do GABA: para alívio dos sintomas
  • Medicamentos benzodiazepínicos: podem ajudar a relaxar os músculos e aliviar a sensação desconfortável nas pernas.

É importante ressaltar que o tratamento da SPI deve ser individualizado e orientado pelo médico, levando em consideração a gravidade dos sintomas e a resposta do paciente aos diferentes tratamentos. Muitas vezes o tratamento necessita de várias abordagens, mas as medidas de ajuste no estilo de vida são a base da pirâmide do tratamento.

Em resumo, a Síndrome das Pernas Inquietas é uma condição neurológica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Embora não haja cura, existem opções de tratamento disponíveis que podem ajudar a aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Se você suspeitar que tem SPI, é importante procurar um médico especialista para obter um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado.

Referências nas quais a postagem foi baseada:

  1. Vista do Terapia oral de ferro em pacientes com Síndrome de Pernas Inquietas: uma revisão integrativa (unifesp.br)
  2. View of Restless Legs Syndrome: Management in Primary Care (gazetamedica.com)
  3. International Restless Legs Syndrome Study Group
  4. Síndrome das Pernas Inquietas: Revisão e Atualização
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