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Alimentação e saúde cardiovascular

No mês de novembro de 2021, a American Heart Association (Associação Americana do Coração) publicou novas orientações dietéticas com foco na prevenção e tratamento da saúde cardiovascular.

Trouxemos nesse post um resumo das principais recomendações e temas abordados pelo artigo científico.

Uma dieta de baixa qualidade está fortemente associada com aumento do risco de morbidade e mortalidade por doença cardiovascular. Por outro lado, a adesão a uma dieta para um coração saudável está associada com uma saúde cardiovascular ótima.

Uma dieta padrão saudável compreende os alimentos e seus nutrientes. Os pontos a seguir sumarizam orientações dietéticas baseada em evidências para promover a saúde cardiovascular:

  1. Ajuste o consumo e gasto energético para alcançar e manter um peso corporal saudável.

    • Manter um peso adequado durante a vida influencia diretamente na saúde cardiovascular. Uma dieta saudável, aliada a pelo menos 150 minutos de exercícios físicos moderados por semana ajudam a balancear o ganho de massa com o gasto energético. No fim, é uma questão de balanço entre aporte de alimentos e gasto energético.
  2. Coma frutas e vegetais em abundância, em grande variedade.

    Frutas e nozes

    • Existem evidências científicas robustas de que uma dieta rica em frutas, verduras e legumes (exceto batatas). Dê preferência a vegetais bem coloridos e em sua forma integral, aproveitando a rica fonte de fibras que são. Evite ingeri-los na forma de sucos. No entanto, as formas cruas, congeladas, secas são igualmente nutritivas.
  3. Escolha comidas feitas majoritariamente a partir de grãos integrais ao invés de refinados.

    • Os grãos integrais são ricos em fibras. Dê preferência a produtos com pelo menos 51% de grãos integrais, evitando produtos refinados. Há benefícios quanto à saúde cardiovascular e intestinal.
  4. Escolha fontes de proteínas saudáveis

    • Principalmente proteínas de plantas (leguminosas e castanhas)
    • Peixe e frutos do mar
    • Laticínios desnatados ou semi-desnatados no lugar de integrais
    • No caso de desejar carnes, escolha as de corte magro e evite as processadas tais como defumados, linguiças, salsichas, presuntos, salame, etc.
  5. Use óleos líquidos de plantas no lugar de óleos tropicais (coco, palma), gordura animal (manteiga e banha) e gorduras parcialmente hidrogenadas.

    • óleos vegetais e frutas com gorduras polinsaturadasEvite manteiga, banha, margarinas, biscoitos recheados que são ricos em tais gorduras de má qualidade. Prefira óleos com gorduras monoinsaturadas tais como óleo de canola, oliva e nozes e óleos com gorduras polinsaturadas como óleo de soja, milho e girassol.
  6. Escolha comidas minimamente processadas no lugar de ultra processadas.

    • A classificação NOVA agrupa os processos de preparo de alimentos da seguinte forma:
      • Não processadas ou minimamente processadas (plantas e partes de animais cruas ou pouco cozidas).
      • Ingredientes culinários processados por moagem, refino, prensagem)
      • Alimentos processados (por adição de sal, açúcar ou gorduras).
      • Alimentos ultra processados (além da adição de sal, açúcar ou gorduras, contêm cores e sabores artificiais, conservantes para que possam ser armazenados, adicionar textura e paladar).

É praticamente impossível na vida moderna abdicar dos alimentos ultra processados, entretanto devemos nos esforçar para diminuir a proporção deles na dieta.

O consumo regular e contínuo de alimentos ultra processados levam a maior incidência de obesidade, diabetes tipo 2, eventos cardiovasculares.

  1. Minimize o consumo de bebidas e comidas açucaradas.

    • Refrigerantes e sucos industrializados contêm quantidades muito elevadas de açúcares.
    • Muitos alimentos são adoçados com glicose, dextrose, xarope de milho e bordo e, portanto, aumentam a carga calórica.
    • Há evidências fortes do uso regular de alimentos açucarados e diabetes tipo 2, obesidade e doença cardiovascular.
  2. Escolha e prepare comidas com pouco ou nenhum sal.

    • A associação da dieta rica em sal e hipertensão arterial é clássica e notória. As fontes mais comuns de sódio da dieta são alimentos processados, alimentos preparados fora de casa e em restaurantes e alimentos empacotados.
    • Mas atenção, mesmo alimentos integrais e orgânicos podem conter grandes quantidades de sódio. Fique atento(a) às informações nutricionais disponíveis nas embalagens ou em outras fontes de informações.
  3. Se você não bebe álcool, não comece a beber. Se optar por beber, limite seu consumo.

    • A relação entre álcool e doença cardiovascular é complexa e ainda sujeita a muitos questionamentos. Ao mesmo tempo que uma pequena dose de álcool pode ser protetora, doses altas são muito deletérias tanto ao sistema cardiovascular como outras condições como doenças do fígado, problemas de comportamento social, acidentes e distúrbios psiquiátricos. Além disso, não se sabe ainda com certeza qual seria a “dose baixa de álcool”.
  4. Mantenha a adesão às recomendações independente de onde a comida for preparada ou consumida.

    • É fundamental que todo o esforço seja feito para que essas recomendações sejam seguidas em todos os lugares onde haja o consumo dos alimentos, seja em casa, no trabalho ou durante períodos de lazer.Verduras e legumes

Benefícios adicionais de uma dieta segundo as orientações dietéticas para uma boa saúde cardiovascular:

  • Redução do risco de outras condições crônicas
    • Diabetes tipo 2
    • Declínio cognitivo
    • Declínio da função renal
  • Baixo impacto ambiental

O artigo também menciona aspectos sociais que podem atrapalhar a adesão à dieta proposta como por exemplo o marketing de alimentos e bebidas não saudáveis com alvo em populações específicas como crianças negras e latinas, o racismo estrutural, segregação comunitária e insegurança alimentar.

Concluindo, as recomendações seguem a lógica do bom senso suportada por robustos e bem estabelecidos estudos e consensos. É muito importante que não somente individualmente, mas coletivamente e com incentivos e políticas públicas, essas recomendações sejam postas em prática para que se tornem lugar comum na alimentação.

É de fazer pensar o poder que a indústria alimentícia exerce sobre nossos hábitos alimentares e temos que estar atentos e alertas para fugir das armadilhas do marketing, principalmente aquelas voltadas para a formação do padrão alimentar da criança. Sabemos que quanto maior o tempo de exposição à má alimentação, maior o risco de doenças cardiovasculares que muitas vezes é a causa do fim da vida ou da qualidade dessa após um processo longo em que a obesidade e o diabetes tomaram parte do dia a dia das pessoas.

Artigos nos quais essa postagem foi baseada.

  1. 2021 Dietary guidance to improve cardiovascular health: a scientific statement from the American Heart Association. Circulation.2021;144:e•••–e•••. doi: 10.1161/CIR.0000000000001031
  2. Dai H, Much AA, Maor E, Asher E, Younis A, Xu Y, Lu Y, Liu X, Shu J, Bragazzi NL. Global, regional, and national burden of ischemic heart disease and its attributable risk factors, 1990–2017: results from the global Burden of Disease Study 2017. Eur Heart J Qual Care Clin Outcomes. Published online October 5, 2020. doi: 10.1093/ehjqcco/qcaa076
  3. Lloyd-Jones DM, Hong Y, Labarthe D, Mozaffarian D, Appel LJ, Van Horn L, Greenlund K, Daniels S, Nichol G, Tomaselli GF, et al; American Heart Association Strategic Planning Task Force and Statistics Committee. Defining and setting national goals for cardiovascular health promotion and disease reduction: the American Heart Association’s strategic Impact Goal through 2020 and beyond. Circulation. 2010;121:586–613. doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.109.192703
  4. Monteiro CA, Cannon G, Levy RB, Moubarac J-C, Jaime P, Martins AP, Canella D, Louzada M, Parra D. NOVA. The star shines bright. Food classification. Public health. World Nutr. 2016;7
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